sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mais que esporte!

No final de maio e início de junho, o Colégio Objetivo, realizou um torneio com jogos da disciplina de Educação Física envolvendo todas as suas unidades em São Paulo e, ainda, a de Mogi das Cruzes, para alunos do Ensino Fundamental II.

A atividade para 6º e 7º anos foi o Jogo dos Pontos, onde o objetivo é derrubar os cones que possuem pontuações e, na outra equipe, os alunos por sua vez defendem os cones. E para 8º e 9º anos realizou-se um jogo multidisciplinar entre Educação Física e História, o Jogo da Segunda Guerra, matéria inclusive do 9º ano. Em ambos os jogos participam 15 jogadores em cada equipe, todos tem funções e jogam efetivamente. Em cada um dos 4 dias de jogos, observou-se média de 180 alunos.

Nestes jogos que chamamos “Jogos de Inclusão”, as crianças e adolescentes não necessitam de habilidades específicas, como nas modalidades esportivas, para jogar. Assim, vimos crianças que normalmente não seriam relacionadas para torneios de futsal, vôlei e basquete, mas que neste torneio são bem vindas, jogam muito, competem e além de tudo se divertem. Tivemos até crianças portadoras de necessidades especiais, como Síndrome de Down, participando e competindo. Todos os alunos são premiados com medalhas. A arbitragem e organização são realizadas pelos professores da disciplina, que definem e afinam as regras em reunião chamada neste caso de “Congresso Técnico”.

A iniciativa é do Coordenador de Educação Física do colégio - professor Giorgio Falco, que sempre valorizou e defendeu a idéia de que se deve incluir todas as crianças na educação física, dando oportunidades iguais a todos, e diz: “A escola não foi feita para formar atletas, mas sim cidadãos e os jogos são parte desta estratégia. Além disso, é o sonho de qualquer criança representar a sua escola em um torneio, e o campeonato pensado desta forma possibilita que isto aconteça para todas”.

Com a proximidade de mais uma olimpíada, e ainda mais em nosso solo, pensamos e queremos um país olímpico, alguns “especialistas” dizem que devemos “criar” e descobrir atletas na escola, mais especificamente na disciplina de Educação Física, mas se esquecem que nestas mesmas salas e turmas temos também crianças com poucas habilidades específicas e, muitas vezes, até sem condições físicas de sequer participarem de modalidades esportivas, mas que em atividades lúdicas e adaptadas conseguem interagir e participar sem, inclusive, comprometer a participação de outros alunos que possuem, por sua vez, maior habilidade motora. Lembremos ainda que estes alunos devem estar matriculados em salas regulares, segundo algumas leis vigentes: Constituição Federal (1988), artigo 208 inciso III: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” e LDB (9394/96) – alunos especiais sempre que possível em classes regulares; treinamento para os professores; apoio multidisciplinar.
Temos mais de 42,9 milhões de alunos matriculados no ensino básico brasileiro, segundo o Censo de 2010, realizado pelo INEP ligado ao MEC. Mas nos Jogos Olímpicos teremos aproximadamente 300 atletas (em Pequim tivemos 277) nos representando. E os outros tantos que ficam no caminho e não se tornam atletas, não devem ter a oportunidade de uma Educação Física igualitária?


Para finalizar acredito que devemos sim pensar em um país olímpico, melhores colocações em quadros de medalhas, ainda mais com a dimensão continental de nossa federação e com tantos talentos dispersos. Mas amadurecer este pensamento com políticas públicas melhores, valorização dos profissionais do esporte e professores, e principalmente criando, fora do horário da grade curricular, treinamentos das modalidades esportivas, sem comprometer a disciplina de Educação Física e tantas crianças. Além de tantas outras coisas que evitarei citar aqui...

Que iniciativas como estas do professor e coordenador Falco e seus professores, nas suas aulas e torneios, sejam disseminadas e seguidas por outros tantos profissionais de Educação Física pelo país.

Até a próxima informação do esporte.
Zé Paulo

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